Authors:
Viola Priesemann,
Melanie Brinkmann,
Sandra Ciesek,
Sarah Cuschieri,
Thomas Czypionka,
Giulia Giordano,
Deepti Gurdasani,
Claudia Hanson,
Niel Hens,
Emil Iftekhar,
Michelle Kelly-Irving,
Peter Klimek,
Mirjam Kretzschmar,
Andreas Peichl,
Matjaž Perc,
Francesco Sannino,
Eva Schernhammer,
Alexander Schmidt,
Anthony Staines,
Ewa Szczurek
Em toda a Europa a pandemia de COVID-19 tem causado excesso de mortalidade, um grande peso em toda a sociedade e nos sistemas de saúde e está a deteriorar a economia. Todavia os governos europeus ainda não criaram uma visão comum que nos sirva de guia para a gestão da pandemia. Existe evidência avassaladora de que não só a saúde publica mas também a sociedade em geral e a economia, beneficiariam grandemente da redução no número de casos de COVID-19. Espera-se que as vacinas venham a permitir controlar o vírus, mas não antes de finais de 2021. Se os governantes europeus não actuarem já, é de esperar que ocorram mais vagas de infecção, com consequências negativas para a saúde, a sociedade, o emprego e as empresas. Se mantivermos as fronteiras abertas dentro da Europa, um país sózinho não conseguirá manter o número de casos de doença em níveis baixos, é necessário portanto que haja uma acção coordenada e forte na Europa, com objectivos comuns claramente definidos para o médio e longo prazo.
Conseguir manter um baixo número de casos doença, deveria ser um objectivo pan-europeu comum, pelas razões que se apresentam em seguida.
e menos pessoas sofrerão ou morrerão das sequelas de COVID-19 no futuro. Além disso, os recursos médicos não serão subtraidos de outros pacientes que deles necessitam.
O impacto económico da COVID-19, é condicionado pela circulação do vírus na comunidade e as economias poderão recuperar rapidamente logo que o vírus seja eliminado ou grandemente reduzido. A China e a Austrália já mostraram que isto é possível. Pelo contrário, quando ocorrem confinamentos, os custos económicos aumentam com a sua duração
1.
Aliviar o confinamento, quando se perspectiva que poderá haver de novo um número elevado de casos, é uma estratégia de vistas curtas, porque conduz a uma nova onda e a custos adicionais para a sociedade como um todo. A capacidade de testagem e rastreio de contactos é limitada: só quando há poucos casos é que a estratégia de teste-rastreio-isolamento pode mitigar de forma eficiente a propagação
2,3. Com poucos casos, podem-se manter medidas de distanciamento físico menos restritivas e mais dirigidas, as escolas e as empresas podem permanecer abertas.
Por exemplo, se num país houver 300 novos casos por milhão de habitantes por dia, dez contactos por caso, e dez dias de quarentena, isto colocaria em quarentena 3% da população, o que causaria uma forte redução na força de trabalho.
A enorme carga de morbilidade e mortalidade que isso causaria, a qual já se reflecte no excesso de mortalidade actual, bem como a incerteza existente sobre a duração da imunidade, deveria desencorajar fortemente este tipo de abordagem.
porque não há necessidade de efectuar mudanças repentinas nas políticas. Isto reduz os estragos económicos, a incerteza e a pressão sobre a saúde mental. Se, pelo contrário, o número de casos subir demasiado, será necessário adoptar medidas preventivas de forma assertiva para os fazer baixar de novo, e quanto mais depressa melhor
5,6,7.
Para gerir melhor a pandemia COVID-19, propomos uma estratégia com três componentes fundamentais:
- Alcançar um baixo número de casos.
- Ter por objectivo não mais de 10 novos casos de COVID-19 por dia por milhão de habitantes. Este objectivo foi alcançado em muitos países e pode ser alcançado de novo na Europa até, o mais tardar, a Primavera de 2021.
- Adoptar medidas firmes para reduzir o número de casos depressa. As intervenções fortes já se revelaram eficazes e conseguem um equilibrio entre a redução rápida de casos e a pressão sobre a saúde mental e a economia.
- Para evitar o efeito de ping-pong ligado à importação e re-importação de infecções de SARS-Cov-2, a redução deveria ser sincronizada em todos os países europeus e iniciar-se o mais depressa possível. Esta sincronização permitiria manter as fronteiras europeias abertas.
- Manter um baixo número de casos
- Quando o número de casos for baixo, o alívio das medidas será possível, mas deve ser monitorizado cuidadosamente. Deve-se continuar e aperfeiçoar as medidas de mitigação específicas, como o uso de máscaras, higiene, redução moderada de contactos, testagem, e rastreio de contactos.
- Mesmo quando o número de casos é baixo, deve ser implementada uma estratégia de testagem (no mínimo 300 testes por milhão de pessoas por dia), de forma a que um aumento do número de casos possa ser detectado cedo.
- Surtos locais deverão ter uma resposta rigorosa e rápida, incluindo restrições a viagens, testagem dirigida, e eventualmente confinamentos localizados, com o objectivo de conseguir uma rápida redução de prevalência.
- Desenvolver uma visão comum de longo prazo
Desenvolver planos adaptados ao contexto de acção regional e nacional, bem como a objectivos de nível europeu, dependendo da prevalência de COVID-19. Elaborar estratégias de eliminação, rastreio, vacinação, protecção das pessoas de maior risco e apoio aos que são mais afectados pela pandemia 8.
É fundamental comunicar o objectivo e as vantagens de atingir um baixo número de casos, a fim de conseguir a cooperação da população, porque o sucesso destas medidas depende crucialmente da sua adesão e envolvimento. O argumento dos benefícios económicos e sociais que advêm da redução do número de casos, se bem comunicado, poderá favorecer muito a cooperação da população.
Controlar a pandemia de COVID-19 tornar-se-á mais fácil. No futuro próximo, o aumento da imunização, o incremento dos testes, e a melhor compreensão das estratégias de mitigação, facilitarão o control da COVID-19.
Convidamos os governos da Europa a chegar a acordo sobre objectivos comuns claramente formulados, a coordenarem os seus esforços, e a desenvolver estratégias regionais adaptadas, com vista a alcançarem estes objectivos e trabalharem de forma resoluta para a redução do número de casos.